domingo, 24 de abril de 2011

A carne alva de Proserpina

Gianlorenzo Bernini - O Rapto de Proserpina

 
chegarei à tua alma
somente isso almejo
nela farei meu ancoradouro
aportarei para sempre ali
sou deus
minha divindade te subjugará
ante tamanho fascínio te levarei comigo
rumo às profundezas dos abismos da terra fértil
percorrerei trilhas e desfiladeiros
vales e cavernas misteriosas
deleitosos caminhos de tua carne alva
sorverei o néctar dos sulcos mais profundos
que nenhum mortal ousou tocar
despojado de minha divindade
serei escravo de tuas entranhas
nos verões e primaveras
os que habitam a superfície da terra
gozarão saciados com tua presença
padecerei fome...
nos invernos e outonos
tu serás minha...
ai dos homens... será para eles tempo de penúria

Fernanda Takai - Insensatez