domingo, 9 de janeiro de 2011

resgate

aquele que sussurrou poesias
e despertou em mim fantasias
lançou-me à deriva
em um profundo mar
de enseadas nem sempre calmas
de turbulência e agitação
próprias de mares revoltos
castigados por grandes ondas
por nevoeiros e enormes rochedos
era esse o mar...
era esse o mar em que me fez navegar
e eu me fiz valente
juntei forças não sei de onde
[talvez estivessem sempre lá...]
desbravei esse oceano bravio
lugar do inconsciente
lúgubre e sombrio
habitação de seres e deuses
de criaturas bizarras e terríveis
lá não avistava terra alguma
só ilhas movediças
traiçoeiras
convidavam-me à morte
escapei por sorte
sobrevivi
em fabuloso resgate
[não em taboas de salvação
que isso não havia ali]
alcei vôo
nas asas companheiras da solidão
voltei ao abrigo seguro
do meu sereno coração...

Izabel Lisboa